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Margarita Carmen decidiu que seria minha
mulher [padre, marcha nupcial, vestido laranja
e três daminhas com punhos de renda] em uma hora [não sei bem] entre 1 e 2 de
fevereiro de 1943. [O Mundo (em guerra)
presumivelmente tinha mais o que fazer que importar-se com os pequenos desejos
da Srta. Margarita Carmen].
A cerimônia [tal como a imaginava Margarita
Carmen] teria lugar numa estranha igreja cercada pela neblina. No seu auge [Margarita Carmen (depois do
tratamento para tirar os bulbos capilares da testa) parecia sempre no auge] e
um conveniente ar de autopiedade
[como uma estátua de Maria Santíssima com
algum passado] Margarita Carmen me beijaria por três vezes [castamente como princesa de História de Fadas] e
[baixando os olhos] sussurraria que eu [agora] a possuía.
E me pediria [quase que com certa charmosa culpa] que eu a levasse para [a nossa] casa.
[A romântica Hollywood dos tempos pela janela].
E me diria [sob o leito de núpcias (de
lençóis convenientemente vermelhos)] que nunca mais seria de John, de David, de
Rigoberto, de François, de Umberto, de Wilhelm, de Alexander, de Sven, de Charles,
de Charles [eram dois], de Maxwell, mas minha [e só minha Margarita, aliás
Rita, aliás Rita Hayworth].
Puxei um charuto
cubano e disse-lhe precisava partir para filmar jangadeiros no Ceará, em um
lugar que não adiantava que ela procurasse no mapa. E depois emendaria com uma
filmagem no país basco francês. Depois, quem sabe.
Eu, George
Orson Welles, não sou um cara ciumento.
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