O teólogo John Dominic Crossan se
questiona sobre que sentido teria se perguntar Eu ficaria triste se não tivesse existido? E eu pergunto: E o
Mundo?
Imagino um universo não-existente.
Naturalmente, nossa imaginação não-treinada vê um espaço preto – duplamente errado pois não há o que
ver, nem nada, nem ninguém para vê-lo. A dança
dos astros [tão típica das imaginações sobre um começo de Mundo] não teria
lugar.
Um pré-mundo [ou não-mundo] só se
pode pensar por ausências. O Mundo atual se marca por excepcionalidades – um não-mundo
o seria pela prevalência uniforme do banal: um meio-dia
eterno; uma neblina fraca, sem mesmo
a fascinação do perigo; a decepção
do imaginário observador, que descobriria ser a uniformidade o pior dos
labirintos.
O Universo a-existente poderia até
mesmo ter um deus às avessas – uma divindade do não-ser. Indiferente como Buda – sem a serenidade deste; avaro – avarentíssimo – a ponto de não
criar nada; com uma idade sem o atiramento
da juventude nem a cautela da velhice.
A não-existência pressupõe a
inexistência do ter e ser – ambos típicos de algo que não é o
nada. Poderse-se [no entanto] imaginar [pois imaginação não ocupa espaço, não se
cunha no tempo, portanto resvala na inexistência] uma só coisa que o não-universo
teria: um enorme temor do que
poderia ter sido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário