A Condessa Elizabeth von Bayern pisou
pela primeira vez o corredor de sua nova e provisória casa no Arquipélago da
Madeira em uma previsivelmente ensolarada manhã do dia 17 de março de 1861.
Casa provisória – um dos surtos de
tosse que nos anos pré-penicilina tudo podiam significar a expulsaram de uma
gélida Viena para ilhas no meio do Atlântico. A mesma Viena onde deixara três
filhos [que surpreendentemente a deixaram mais magra e mais feminina], uma
sogra chata e um marido que mal via.
Ocupava seus dias [e como são longos
os dias em que se espera recuperação] em olhar as ondas e ler romances.
Nesse romântico cenário de uma bela
jovem casada e pouco feliz junto com uma bela ilha, só faltava um romântico
mancebo. E ele chegou – na forma de um jovem com o quase impronunciável nome de
Imre Hunyádi. Ele lhe ensinava a língua húngara, com suas trinta e cinco
desinências que o jovem repetia junto com a jovem, os dois próximos com as mãos
sobre a gramática, um sentir o calor da respiração do outro.
Talvez um século depois as coisas
fossem diferentes. Mas, gente de sua época que eram, Imre nunca abriu o fecho
do sutiã de Elizabeth, não apreciou o seu gosto nas cores da cinta-liga e nunca
sentiu a língua dela a pretender lhe alcançar a garganta. Se queriam, nunca se
soube.
Até que Elizabeth retornou ao seu
palácio e à sogra chata e ao demais. Depois tornou-se amicíssima da irmã dele.
Se isso foi alguma estranha forma de compensação, não se soube também.
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