O Diabo
visitou le Roi Louis XVI [não se sabe
se em 20 ou 28] de novembro [ou talvez tenha sido março] de 1775. Sabe-se que veio em um banal meio-dia, com o vento esperavelmente parado, sob um sorriso amarelo [na cor mesmo – os dentes amarelados]
e com algo de teatral nos gestos [de comédia
vagabunda de esquina].
Difícil saber
sua idade [alguns dizem que ele vive depois
do tempo]. Pitando um charuto [explicados então os dentes] falou macio, quase
com intimidade [o rei entendeu que ele é íntimo de todos, até dos reis]. E
falou de medo. Do que podia
ser feito, mas falou de medo. Do que poderia acontecer, e falou com medo. Falou
de Maria [que ousadia (pensou Sua Majestade)
ele usar para seus pérfidos propósitos a Mãe do Outro – mas se calou – de medo].
Descendo a
assuntos mais práticos, tomou alguns papéis na mesa real – reformas, resmungou a
pitar o charuto. O Rei esperou conselhos ou ameaças. [Não vieram]. Só [talvez]
um conselho – disse para o rei dormir –
e suas reformas também. Que desse tempo sobre o tempo mais ao tempo. Que fizesse
coisas, mas que também deixasse as coisas aconteceram como sempre tinham sido. Esse
conselho [contraditório] apenas trouxe tensão
ao real espírito. E não foi embora em nuvens de fumaça. Tomou uma carruagem –
por sinal com uma roda meio solta.
E é o que se
sabe [se é que se sabe até isso]. Dizem que se encontrariam de novo [na
guilhotina que cortaria a real cabeça], o outro parecendo sinceramente
preocupado. Isso, porém, é óbvia especulação.
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