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Era
o meio da tarde de primeiro de julho de 1914 quando Ludwig Wittgenstein viu
o limite do mundo. [Uma tristeza o
invadiu, parecendo escorrer mesmo dos nevados
fiordes noruegueses à sua volta]. De fato, o acachapante convencionalismo da
paisagem incluía até mesmo nuvens
de tempestade, parecendo prenunciar o surgimento de algum duende de histórias de fada, ou do deus
Thor.
O
Demônio do Orgulho [se é que o Orgulho é
um demônio] atazanava o jovem filósofo [que,
diga-se de passagem, ainda não o era]. Detestava Bertrand Russell, detestava o
açougueiro, detestava os colegas e detestava todo o demais. Tal pecado [porém]
não se materializava apenas na [esperável] crítica ao outro.
Ludwig
esperava entender o mundo. [De fato, seu orgulho-mor consistia que se pensava o
único a verdadeiramente entendê-lo]. O Mundo [segundo ele] se resumia a estruturas
linguísticas perfeitamente inteligíveis através de uma concatenação lógica – e o
que escapava disso não devia ser pronunciado. [Eliminação de toda filosofia].
Viu
[no tortuoso caminho que escolheu] flores. Viu musgo. Três insetos. E nada era
belo [na verdade, considerou suas descobertas absurdamente banais]. E descobriu
que sua banalidade não seria expressa por nenhuma palavra, nem mesmo pela
palavra “banal”.
Compreendeu
então que o mundo é, as palavras também [e são seres paralelos sem relação
entre si] e atingiu o limite – não do mundo, mas das palavras. O que [pensou
com razão ou sem ela – é muito pior].
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