A
Chanson de Craonne não é a mais triste canção
da História [ou, se o for, não é a única]. De fato, a arrastada melodia dos
soldados franceses após a ofensiva açougueira de 1917 [dizem, embora com poucas
provas] se inscreve em rosário de toadas [na verdade lamentos] de quem tem razões
de se lamentar [e sua temática cobre desde vencidos em guerras até os
derrotados pelo tédio].
De
fato, estas canções [que se contam pelo inverossímil número de 999] têm
elementos em comum: tratam [quase sempre] de jovens;
exaltam uma coragem épica de heróis
gregos, tomados de retidão próxima
à insensatez; quando relatam episódios, o período
[sempre curto] é indefinido; e uma [talvez explicável] calmaria permeia o ambiente. Além
disso, nas vezes em que foram transformados em telas, a cor salmão
invade tudo [sem que se entenda bem o por
quê].
Uma
crítica [não destituída de pessimismo] afirma serem eternas as canções tristes,
até no Futuro [sempre]. Pessimismo claro
pelo fato de que [segundo seus adeptos] um desejo de violência invade
os jovens [desejo (este) eterno] – o que [diga-se] contraria a letra da Chanson, que revela tudo menos vontade
de enfiar espadas. Outra explicação [que tenta racionalizar a sempre existência
(e sucesso) das músicas tristes] afirma que a alma humana seria [em si mesma]
tristonha, e que [mais ainda] tal tristeza consistiria na verdadeira graça da
vida – uma explicação que [de maneira pouco surpreendente] não goza de assim tanta
popularidade.
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