O
autor [que de resto quedou desconhecido] não publicou A História Universal da Irrelevância [a qual não era (de fato) um
livro, senão uma fotografia]. Uma cópia
sua [ainda que contestada] consta em certa coletânea das melhores fotos do ano de
Nova Iorque (anuário de 1907) e dizem [ainda que com excesso de poesia] que um
infante Henry Cartier-Bresson a elogiou antes dela se incendiar junto com a
biblioteca de Louvain.
Nela
nada há de excepcional – de fato nela não há nada, o que condiz com o título. Um
tom branco leitoso [não pouco irritante] e
um ridículo cartaz [mal pintado] Antes da História marcam o tom de
banalidade [junto com um relógio que marca seis
da manhã, um homem de seus quarenta (idade
sem o fôlego da juventude e sem a sabedoria da velhice) e um par de fiapos de nuvens (entre o
ensolarado e a tempestade, sem ser nenhum)].
A
foto [segundo os pouquíssimos críticos] nada inspira, a não ser sentimentos de autopiedade [o mais infantil dos
sentimentos humanos]. Como Édipo, o
protagonista [o tal homem de quarenta] parece cego, porém [ao contrário do
personagem de Sófocles] não quer ver. Não por nenhum trágico sentimento de
Destino mas por preguiça mesmo.
O
único mérito da foto [se é que se pode falar em tal] seria [segundo raciocínio
longe de unânime] lembrar que a indiferença
ou sua faceta mais radical, a desimportância, constituiria a essência do
humano. Segundo alguns isso explicaria por que o futebol é tão prezado – mas essa
afirmativa [claro] é pouco popular.
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