Dante Alighieri atravessou o
Mundo na madrugada do Sábado de Aleluia do ano 1300 e o vento zero [assim como uma alvura excessiva] trouxeram algumas pontadas
de decepção. Emergira de um buraco
[viera do centro do Planeta] em um começo de manhã
com a inevitável companhia de seu guru Virgílio.
Meava os trinta anos, e sua poesia [então] pouco ultrapassava o sofrível.
Certa gula de conhecimento [assim como uma mal disfarçada autopiedade] o levaram a querer conhecer
as regiões eternas. Orou para tanto [uma oração um tanto falsa] pois na verdade
queria conhecer apenas o Inferno, com o Purgatório e o Paraíso entrando de
lambuja. Inicialmente a Maria. Depois,
temeroso de que esta percebesse suas intenções não tão puras, lembrou-se de sua
antiga [e havia muito falecida] namoradinha Beatriz. [Para desespero dos poetas
românticos, ele não passara toda sua vida a recordá-la]. Beatriz [por alguma celestial
razão] recusou o cargo de guia.
A sexta-feira passou-a ele nas
infernais regiões. O sol do sábado de manhã encontrou-o no Purgatório, recém-saído
de um buraco, em frente à montanha que deveria ser escalada pelos pecadores, decepcionado
com a falta de vento e a luz forte que tudo chapava.
E [diz a lenda, que deve ser
apenas lenda] Dante Alighieri tomou-se de modéstia [ou preguiça] de subir aquilo tudo para
chegar ao Paraíso. Pensou numa taberna, dois tragos de vinho, talvez com Virgílio,
ou com ninguém.
O medo do seu mestre [ou de
Beatriz] o fez prosseguir e todos sabem o resto da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário