Daniel Bevilacqua assumiu o pouco emocionante nome de
Christophe e estufou corações femininos com sua Aline em 1965 – que lhe valeu três milhões e meio de compactos vendidos
e uma coleção de multas de trânsito para sua Ferrari. Não se trata aqui [no
entanto] da melosíssima baladinha que lhe deu fama e sim de outra música sua.
A análise de Les Marionettes
esbarra em sua acachapante simplicidade. Não há nela circunstâncias de espaço e
tempo – tanto que alguns críticos [não sem algum exagero] a situam no futuro e detalham a cor das bonecas, o salmão.
De fato a cançoneta sofre de inevitáveis tom adolescente e de um clima de eterna
claridão, tipo meio-de-tarde. Relata o
cantor que construiu um grupo de marionetes. Pulularam as hipóteses de metáfora:
seriam na verdade um grupo político; para outros [e inevitavelmente] uma reunião
satânica. A explicação mais popular [porém] foi a mais óbvia: relataria uma
reunião de um só rapaz, rico e saudável, com um grupo de jovens moças, reunião
esta onde as roupas não seriam muito presentes.
Desta explicação [pouco menos que fantasiosa] vieram
interpretações ainda mais: a letra mostraria um desejo e repulsa à mulher,
enfatizado pela ventania lá
fora; as moças [até então inocentes como Maria]
receberiam as dádivas de hipergenerosidade
do cantor [sem que se explicasse muito bem quais seriam]; e que perpassa a canção
um receio do futuro.
Indiferente aos críticos, o cantor brincava com suas
supostas marionetes e acelerava, agora um Porsche.
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