O Maluco Belo dizia
para termos coragem. [Dizia também para termos coerência entre querer, pensar e
fazer – embora coerência fosse o que não se encontrava entre suas belas
palavras e roupas malamanhadas]. Um Ensaio sem título específico e sem indicação
de autor, com capa vermelho-esmaecida e
uma menção a Toulouse, 1914, imortalizou [palavra que ele mesmo rejeitaria] Raullón,
cognominado [sem muita razão efetiva] O
Maluco.
Sabe-se que há um registro [razoavelmente seguro] dele no ano 1323; que aparecia sempre pelos
fins de manhã na feira em volta do Caminho
do Touro; que tinha por volta de cinquenta
anos [sendo que os testemunhos de que tinha A
Idade das Pedras foram (não sem razão) considerados por demais poéticos; e
que quando vinha as possíveis nuvens
de tempestade se dissipavam [o que também tem sido posto em dúvida]. Falava
[não pregava] como quem brincava com bolinhas de sabão.
As [inevitáveis] interpretações o compararam a uma Maria de sexo trocado, sempre disposta a sacrificar-se pelo
mais insignificante ser; [esperáveis] semi-detratores afirmavam que sua
vida consistiu numa hercúlea batalha contra um desejo que o roía, aquele da desgraça alheia.
Infensa a interpretações extremistas, a verdade pode afirmar
que o Maluco Belo, pregador medieval
do Sul da atual França, não se inspirava por excesso de bem ou de seu oposto,
mas por um sendo de expectativa
– do que vai acontecer, sendo este comum a todos os humanos. Tal explicação [óbvio]
também tem seus contestadores.
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