Preso em um gabinete por seus soldados amotinados,
esperando o resultado de seu julgamento popular, como os canhões do inimigo cada vez mais
perto, o Coronel Sérgio Alexandrovitch Kovinev espera.
O meio-dia irrompe em meio a
nuvens que prometem tempestade. Sentado
em frente a uma escrivaninha negra, de três
gavetas, sabe que nelas está seu futuro, que talvez seja nada.
Abre a primeira. Deposita-se lá uma fotografia de seus dezessete anos, uniforme da escola
militar, sem namorada,
vontade de agarrar o mundo.
Vem a Terceira. E nela não existe a pistola que esperava (um
estratagema banal dos revoltosos para facilitar-lhe o fim). De fato, não há nada.
Só um receio de que o Nada exista. Ou
talvez nem isso.
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COM ESTA CENTÉSIMA NARRATIVA, ENCERRA-SE, NESTE BLOG, O PROJETO NARRATIVAS MULTILINEARES. GRATO A QUEM LEU.
Paulo Avelino
Parabéns!!!! 100! Certamente os novos projetos contarão com a inspiração em Portugal. beijos
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