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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

100 - O Coronel se perde nas possibilidades

Preso em um gabinete por seus soldados amotinados, esperando o resultado de seu julgamento popular, como os canhões do inimigo cada vez mais perto, o Coronel Sérgio Alexandrovitch Kovinev espera.

O meio-dia irrompe em meio a nuvens que prometem tempestade. Sentado em frente a uma escrivaninha negra, de três gavetas, sabe que nelas está seu futuro, que talvez seja nada.

Abre a primeira. Deposita-se lá uma fotografia de seus dezessete anos, uniforme da escola militar, sem namorada, vontade de agarrar o mundo.

Abre a segunda. Uma gravura de Vênus – e com ela a Ira de nunca tê-la conhecido.

Vem a Terceira. E nela não existe a pistola que esperava (um estratagema banal dos revoltosos para facilitar-lhe o fim). De fato, não há nada. Só um receio de que o Nada exista. Ou talvez nem isso.

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COM ESTA CENTÉSIMA NARRATIVA, ENCERRA-SE, NESTE BLOG, O PROJETO NARRATIVAS MULTILINEARES. GRATO A QUEM LEU.
Paulo Avelino

Um comentário:

  1. Parabéns!!!! 100! Certamente os novos projetos contarão com a inspiração em Portugal. beijos

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