Serei bancário, serás stripper.
Usarei óculos fundo de garrafa, serei magrinho como garrafa e durante seis
horas ocuparei o último caixa da última bateria da última agência da última
rua. Depois subirei a dita rua que em certo ponto se transformará com fachadas
em neon e péssimas línguas estrangeiras: Belle Nuit, Special
Cat, Bella Donzella.
E em cima de um pedestal aparecerás
[bella donzella ou coisa que o valha], legging bicolor
coladíssima, saia de bolinhas anos-cinquenta ou sarong de havaiana –
importa pouco o que vestirás mas o que despirás, e principalmente quando e como
– e a demora me reduzirá [na última mesa da última fileira] a morder os dentes
e engolir mais duas doses do uísque ao quádruplo do preço. Com o mastro
do pole dancing farás dupla [só tu e ele], e rodearás o metal polido
e te jogarás inteira para trás. E com os dias saberei exatamente o teu gosto de
lingerie: qual cinta-liga, violeta ou azul-forte, os enfeites em frivolité
com bordados transparentes de peixinhos.
E um dia depois de tudo aparecerás em
frente às fachadas de neon [roupão de ginástica e cabelo úmido de pós-banho] e
me perguntará se tenho uma pastilha menta. Dividiremos um
hamburger gourmet no primeiro street-food e nos casaremos.
Serás atendente na butique do shopping, teremos um menino e uma menina, na
ordem, e todos os domingos te levarei para sorvete e pipoca na primeira fileira
do cinema.
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