Chamar-me-ei Vênus e serei venusiana.
Não, Vênus não – terei outro nome banal e venusiano como Tak-Ki-Nori, KV456 ou
qualquer outra bobagem de ficção científica classe C. Habitarei o Mar do Êxtase
[existem acidentes geográficos em Vênus?] dentro de uma nave sideral circular
e achatada [Ó originalidade] e com meu telescópio hiperatômico observar-lhe-ei
a tirar a camisa em Ipanema ou Waikiki. Contarei cada uma das trincas de
músculos do abdômen, tanto na tal praia como na antessala da nave na qual te
sequestrarei – em um talvez único caso de abdução que não envolverá algum nerd
ou caipira sozinho em estrada sertaneja à meia-noite.
E com você [meu caro abduzido
terráqueo] realizarei experiências científicas venusianas – se você se adapta
mais como puro-sangue ou como jóquei, quantos segundos de tempo de recuperação
da segunda para a terceira e a intensidade da explosão depois que eu abrir
alto-a-baixo o fecho do macacão prateado – pois as venusianas usam macacão
previsivelmente prateado, além de um fecho que não emperra.
E depois de usado, dobrado e
amarrotado [minha cobaia terráquea] vou levá-lo de volta [dessa vez para alguma
estrada deserta nos cafundós de Minas para quem ninguém veja] e antes de abrir
o portão metálico [toda nave espacial tem portão metálico] farei com você uma
experiência final rapidinha para deixar você sempre espionando nas noites [no
seu telescópio não-hiperatômico] quando aquela cientista extraterrena voltará
para confirmar as observações.
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