Os católicos da Espanha lá
pelo final de 1936 decidiram que tinham algumas discordâncias doutrinárias com
o senhor José Ortega y Gasset. E por causa disso eles providenciariam o envio
[antecipado] do referido senhor ao Inferno. Pela mesma época os comunistas
chegaram à mesma conclusão – apenas com o detalhe de eliminar o Inferno da
situação, pois o dito cujo não existe.
José Ortega y Gasset
respondeu que não era católico, não era comunista, não era nada – seu único
interesse era a verdade. Não convenceu ninguém. Deixou sua coluna no
jornal El Espectador e fugiu para salvar a pele.
Viu-se em Paris. E descobriu
que não conhecia ninguém além das estátuas. Bateu longos papos
com Rousseau e Descartes [e no diário escrevia que este é
momento mais triste e improdutivo de minha vida].
Até que cansou de conversar
com monumentos – ou não. Encontrou Vênus de Milo em um Café barato a três
quarteirões do L´Opera. Ou melhor, não encontrou Vênus de Milo mas Marie
Thérese, que estudava na Escola Normal, gostava de balé e tinha cabelo curto,
como todas [e talvez como a original de Vênus de Milo, da qual ninguém conhece
o penteado]. E possuía o corpo da original e a idade dele dividida por dois.
O Filósofo e a Estudante
realizaram orgias – de estética, metafisica e o conceito da Beleza segundo
Platão. Se elas envolveram cintas-ligas jogadas ao chão e palavras gritadas às
duas da manhã ninguém sabe, e talvez nem interesse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário