E esta é a pequena história
de Eu e Você. E nós não somos de lugar nenhum. Tampouco de nenhum tempo. Você
pode ser Cleópatra. Ou eu posso ser Cleópatra. Não faz diferença pois não temos
corpos definidos. Sem Tempo, o Passado e o Futuro para nós fazem tanto sentido
quanto um ornitorrinco de cor púrpura.
Não temos nomes. São por
completo dispensáveis, pois nem sabemos se existimos. Ou melhor, sabemos. Sem
fazer disso um fetiche para desse conhecimento gerar outras consequências.
Somes eu e você, frente a frente, sem onde nem quando. E não viveremos o agora
pois nem mesmo o agora tem alguma relevância.
Não pensamos e existimos –
se alguém pensasse e por isso existisse, ele o faria só. E somos dois. Essa é
nossa maior certeza. Na verdade a única.
Somos dois, sem tempo, sem
espaço, sem outros nem desejos. Ou melhor, com um desejo. Único. Queremos ser
um. Se é que algo nos incomoda, é o fato de que não somos um. Há um você que
não sou eu, um eu que não é você e a existência desses dois pronomes pessoais
diferentes nos faz querer ser um. Portanto amamos.
Amamos, portanto existimos.
Mas não amamos em sentido baboso, ligado a compromissos, reproduções e
lágrimas. Amamos – encaixamos, esfregamos, gritamos e temos alguns instantes de
relaxo ao final. Para começar de novo. Amamos dessa forma, não queremos
conhecer outra. Aliás outra não existe.
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