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terça-feira, 4 de setembro de 2018

Kim (o tempo andou mexendo com a gente sim)


Kim, o tempo andou mexendo com a gente, sim. Três anos atrás e não sabíamos de nada. [E duvido que hoje saibamos de alguma coisa]. Você era dança, sorriso e pernas [Kim] e quanto a mim, era eu olhos e desejo, ambos por suas pernas sim, e sem nenhuma necessidade de rima.

O tempo não passou [Kim] nós que passamos. Em velho trecho de Guerra e Paz um viúvo amargurado fala de Natasha Rostov – em pouco tempo a garota começará a pensar, e isso a fará mais encantadora porém menos alegre. [E nem sou viúvo nem você é russa – brasileira talvez, ou quiçá coreana]. Você descobriu.

Descobriu a Culpa, e que o futuro existe. Você dançava [Kim]. Para mim. Você tinha vinte e um? Dois? Eu um pouquinho mais, a mandatória ilusão do cavalheiro ser um pouco mais velho – só que eu não era um cavalheiro [na verdade não era nada]. Nem você era [Kim]. Você era sorriso e pernas, dança e lisptick, no estúdio e na nossa cama [Segredo de Estado – nem a CIA nem nossos pais sabê-lo podiam].

E hoje você dança [Kim] no meio das outras. As outras não existem. Você sim. Elas flutuam [mundo aos pés e um príncipe com flores]. E você dança também, mais sólida, a pensar, culpada de não ter ajudado o pai necessitado [e seu pai não é necessitado]. Ou culpada de ser humana. E pensa [como eu: O que será de mim? – a grande e única pergunta sobre o porvir].

Eu te vi depois de mil dias, na dança [Kim], e só se passa a existir depois da culpa. Existimos os dois, e isso não devemos celebrar. Ou talvez [talvez] sim.

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