(Li/Vi na Internet e divido com
vocês)
Com Cara, Coragem e Cólera
Jovens, rebeldes e com muitas causas
– durante quinze dias ouvi a mídia hegemônica chama-los de vândalos. No começo,
todos o eram. Depois, a mesma mídia separou-os do resto: haveria os bons e maus
militantes – e eles eram dos últimos. E contra eles a Fúria (de Deus?) deveria
eclodir.
Quatro jornalistas de Fortaleza
os seguiram, falaram com eles, respiraram gás juntos – e o resultado foi o
documentário Com
Vandalismo, da Nigéria Audiovisual. Reportagem nervosa, de vozes que somem
e reaparecem, câmera tremida, imagens quase primeira-guerra de rostos cobertos
por camisas.
No começo era a família –
crianças, pais, vovós. Na medida em que as manifestações se foram sucedendo só
ficaram eles. Homogêneos ou quase – são homens, jovens e revoltados. E portadores
de um destemor ou insensatez que eu só atribuía a longínquos soldados de tempos
outros. Aqueles meninos (ou quase) combatiam com garrafões de água mineral
(para jogar dentro as bombas).
Ingenuamente eu não sabia que a
cidade em que vivo (ou o país, ou o mundo) seria capaz de gerar tanto ódio. Aqueles
rapazes (dá para ver) têm a porta fechada. É preciso que a sociedade adulta se
rearticule e abra a porta.
Ou não – nada a não ser o bom senso
nos obriga a tornar a sociedade justa. Só que alguma vez eles podem voltar não
com coragem e garrafões – mas com coragem, um comando unificado e armas mais
letais. E então (talvez) será um pouquinho tarde.
Até domingo!
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