A cerveja Skol lançou comercial para
seu popular produto. Um grupo de brasileiros canta uma paródia [na verdade uma distorção
completa] do que eles denominam hino
da Argentina. Atraídos pela cantoria, os platinos são presos e despachados para
Buenos Aires.
Choveram comentários no Youtube. Muitos
críticos.
A criação de uma identidade
nacional: trata-se de convencer milhões de pessoas que nunca se viram, que na
maior parte moram distantes umas das outras, que catam lixo [algumas] e colecionam
diamantes [outras] que todas têm algo em comum: a nacionalidade. E por ela
devem morrer. E às vezes matar. Como fazer isso.
Os governos europeus dos séculos
XVIII e XIX enfrentaram essa questão e a pesquisadora Anne-Marie Thiesse o
revela em seu pequeno ensaio La création
des identités nationales (Éditions du Seuil, 2001).
As respostas encontradas resvalam
no cômico. Criam-se roupas típicas onde não existiam; forjam-se autores falsos
para epopeias nacionais; transformam-se obscuros choques de bandos em gloriosas
batalhas; escolhem-se reis ou exploradores de caráter duvidoso para serem heróis.
Tudo para convencer pessoas de que elas são diferentes do Outro – o estrangeiro.
A artificialidade do Estado-nação
é patente quando se vê que tudo o que há para unir as pessoas é antagonizá-las
a algum vizinho. No caso, os argentinos.
O bem-humorado anúncio
cervejístico tem sua parcela de
estupidez. Toda construção de identidade nacional é [no entanto e quase que por
definição] estúpida.
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