E
Johann Wolfgang von Goethe fez as
malas! Decepcionado com a poesia, com a neve,
com o mundo e consigo, tomou alazões e carroças para o Sul. [Se fosse melhor
informado, chegaria ao Brasil]. Parou na Itália. Descobriu que o sol existia –
um solzinho europeu-pálido, mas sol de qualquer forma. E descobriu Faustina.
Dela
só soube os vinte e dois anos e os olhos pretos e os cabelos pretos em duas
tranças pretas que se lhe iam até os pés. E Wolfgang só lhe disse que tinha trinta e nove anos e o tédio do mundo lhe
fizera começar três bilhetes de suicídio.
Com
Faustina vieram Petrarca, Nausicaa e fantasmas da Odisseia, que lhe cantaram
novos versos de seis sílabas que Goethe
marcava dando pancadinhas nas costas de Faustina, o papel sobre suas
costas de seda [os seios de Faustina
beijando o lençol], depois de amá-la
inteira, inversa, frente e costas. E o calor de sua respiração, que entrava em
seu corpo, misturava-se com a dele, transformando os dois amantes em versos na
velha e nova forma homérica.
Em
um começo de manhã [a pele quase rosa das orelhas de Faustina] o ainda-quase-jovem
Johann [a expectativa a roer-lhe]
decidiu que de todos os demônios [e de todos os caminhos – sendo isso quase a
mesma coisa] preferia o da busca da fama.
Algo estúpido [ser lembrado quando já túmulo], mas isso ele o queria. Faustina [a
doce Faustina] quedaria na Itália e na lembrança – dos cabelos, das manhãs e
dos versos de seis sílabas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário