Salomão
nunca partiu um bebê – na verdade partiu sete [embora os registros se tenham
compreensivelmente perdido]. Mas esse assunto [um tanto gruesome] é esquecido em favor das concubinas de Sua Majestade.
Não
eram seiscentas – de maneira um tanto decepcionante, contavam pelo [banal] número
de quarenta. [Não tanto, se forem vistas não como conjunto, mas como uma,
depois outra, depois outra, depois (e que o valente Salomão caminhava por uma sólida
meia-idade)].
As
cerimônias [as quais um despropositado pudor impede de descrever em detalhe] pouco
tinham de galantes [ou sua euforia, podemos dizer, era um tanto diversa]. No
meio de uma tarde
ensolarada
[o que (convenhamos) não combina com o que se espera de uma cerimônia do gênero]
as garotas [nem todas de formas de sonho, embora algumas o fossem] dançavam
[com previsíveis e diáfanos véus rosa].
O
Imperador [este era o ritual] deveria manter um semblante de indiferença
[e o fazia, embora ninguém tivesse coragem de puni-lo se não cumprisse as
normas]. Apolo
às avessas, refestelava-se desgraciosamente na cadeira. Depois empreendia seus
deveres de concubino [o mesmo olhar] para algumas [não exatamente poucas] das mulheres,
em ritual que [alguns garotos que conseguiram vê-lo por buracos em paredes disseram]
se caracterizava por certa monta de aborrecimento: a [esperável] falta
de medida era [ela mesma] submissa a uma rigorosa medida, como se a luxúria
e o tédio [por alguma razão talvez compreensível] caminhassem, mãos dadas.
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