Las inolvidables passiones de Bertha apareceu
em uma pequena livraria na Catalunha no terceiro dia do ano de 1901 e em poucos meses multiplicou
sete edições em cinco línguas. Um miserável panfleto caluniador, tal [pretenso]
romance objetivava destruir a reputação
da militante pacifista Bertha Suttner [já então uma sólida senhora dos seus cinquenta] apresentando supostos casos de
desvario orgiástico dos seus tempos de
jovem.
Procurava
atingir tanto a idealista Bertha como seu amor de juventude [amor esse que,
pelas melhores narrativas, permaneceu platônico]. O inventor sueco Alfred Nobel
[dizem] sempre [ao pensar em Bertha] a via em uma eterna noite, vestida de branco,
sob um céu de nuvens fracas.
Procurava uma secretária multilíngue: veio a garota de rosto de uma Antígona sem dramas.
Segundo
a narrativa normal o [agora rico] ex-inventor usou a jovem como expiação de seu
sentimento de culpa por que a
engenhoca de sua criação [a dinamite] era usada tanto para escavar minas de
estanho como para matar pessoas. Segundo o difamador folheto, o industrial
dividia a jovem com muitos outros amores, nenhum deles espiritual, e todos
placidamente supervisionados pelo marido, o tal von Suttner.
Que
os generais acreditassem em tal bobajada, era compreensível. O que espanta é
que pessoas comuns também o fizeram. Uma hipótese [talvez por demais filosófica]
é que, ao serem contra a campanha pela paz, tinham medo do que poderia ser um
mundo sem guerra. Um temor [por sinal] demasiado humano.
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