Lázaro
Luís Zamenhof sonhou na madrugada de 22
de julho de 1867. [De fato a
excessiva precisão de tal sonho tem sido o principal argumento de seus
opositores]. Teria visto um mundo branco,
perpassado por um vento zero; as
pessoas [muitas delas crianças como Lázaro
Luís] dedicavam-se a uma vida de perfeição
[ou à busca dela].
Acordou
e aquele sonho não representou mudança. De fato o esqueceu. Quando o relembrou
[já adolescente] pensou que a mudez não era solução para nada, e quando o
relembrou de novo [já adulto e com fama de sábio, uma espécie de Tirésias sem cegueira] lembrou que tal
mundo de mudez [e uma talvez excessiva seriedade] dissimulava uma tristeza que por sua vez encobria um temor do que poderia vir a ser.
Tomou
então da pena [naqueles tempos antes do teclado] e escreveu um ensaio sobre uma sociedade que se
aperfeiçoaria pela comunicação. Não escreveu, tentou: descobriu [e lembrou pela
terceira vez do velho sonho] que a comunicação perfeita não se podia fazer pela
língua [repositório da experiência de uma parte do mundo, necessariamente
limitada]. Se um mundo perfeito não poderia ser mudo, esta não-mudez só poderia
vir de outra forma de falar.
Escreveu
e das palavras que saíram [embora muito tivessem das familiares francês, latim
e inglês] não entendeu nada, ou pouco – só com o tempo descobriu que uma nova língua
o atingira. E só uma língua única poderia [talvez] resolver o problemas da mudez
ou excesso de linguagens – e que esses problemas eram [na verdade] o mesmo.
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