Asoka
[o rei] apenas no seu Terceiro Sonho viu o Templo. [Dos dois primeiros não ficou
registro]. Asoka sabia que havia órfãos e que havia viúvas. Decidiu [no
entanto] rapar os cofres nacionais em um misto de Templo e Palácio – feito não
para causar inveja aos deuses mas para deixá-los fulos de raiva
[com o desperdício, dizem os eternos críticos].
Para
evitar revoltas camponesas e punhais palacianos, o preclaro rei dourou a
narrativa: segundo ele, no sonho real um deus [convenientemente semelhante ao
próprio Asoka na sua barba e nos seus cinquenta
anos] dançava
[como todo bom ser mitológico do subcontinente indiano]. Mas não só: um tom laranja
[não isento de estranheza] perpassava a atmosfera, impulsionada esta por um vendaval
que fazia o tempo
contrair-se e distender-se como os próprios movimentos do tal deus.
Procurando
a serenidade [tal como seu contemporâneo Buda]
Asoka pensou que [para compensar aquela dança sem medida]
deveria utilizar todo o ouro e todo o bálsamo do reino para construir um Templo
para si mesmo [e para os alegres empreiteiros da sua Corte]. A Indignação
dos súditos [acreditava ele] seria silenciada pelo caráter divino da ideia].
Asoka
não chegou a ver o templo concluído [morreu antes e o templo restou inconcluso,
embora alguns cortesões tenham quedado ainda mais ricos]. Há quem creia [sem
nenhuma base] que tal templo tenha inspirado o Taj Mahal. Mas isso [de novo]
pode ser só consolo para o desperdício.
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