Kolata-Kon-Tiki
[a comunidade naturista] não se situava em nenhuma ilha no Pacífico mas no
litoral da Flórida – sendo a sua errônea localização mais uma das lendas que a
cercou. [Outra se referia à sua época – não surgiu em 1933, como revolta contra a crise que
devorava bolsas e vidas, mas dez anos depois, em pleno conformismo guerreiro].
De
fato esse movimento [para o qual a nudez era apenas um acessório] não possuía
nenhum dos atributos do nudismo tradicional. Diziam seus [não muitos] adeptos
que procuravam a separação entre as coisas e as palavras – e que a mistura de
ambos causava todos os males da vida. A simplicidade da vida [e a recusa às
roupas] eram apenas uma consequência de tal veleidade glotológica.
Seus
rituais [descritos pelas duas únicas antropólogas que aguentaram a monotonia até
o final] consistiam em danças [tão lentas
que pareciam parar], em meio a troncos pintados de branco;
realizavam-se em previsível sol
de meio-dia; a [decepcionante] idade dos
membros oscilava pelos indefiníveis quarenta;
talvez por isso [bocejam as antropólogas] exibiam um entusiasmo semelhante a Buda meditando.
Dois
dos três únicos artigos que escreveram se destacam pela criticidade: os rituais
demonstrariam uma onipresente autopiedade,
além de uma excessiva crença na própria pureza
– que trairia certo terror do mundo.
No terceiro artigo, as tais antropólogas quase que se redimem e deploram o fim
da experiência, dissolvida pelo FBI em 1946, sob suspeita de quase-comunismo.
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