E Alionor da Aquitânia entrou na
cidade de Antioquia! [Hoje: 17 de fevereiro de 1148]. A Rainha da França adentrou
os muros derrubados da urbe vencida [os bicos rosados a acusar o menor
movimento, assim como os das doze aias que lhe faziam cortejo]. Prostrou-se
diante da igreja siríaca [a mais bela
homenagem jamais feita à fé – escreveu um seu (talvez excessivamente
entusiasmado) admirador e poeta, dos muitos
que voejavam em torno dela]. Os detalhes rosa
de seu vestido [que só principiava na altura do umbigo], as nuvens esfiapadas que bordejavam
aquelas dez horas da manhã, o cabelo de
tranças em volta da cabeça em imitação a Vênus
em madura juventude – tudo [somado ao busto
das jovens] parecia conspirar para fazer daquele um momento de auge da Cruzada.
Naturalmente, críticas não
faltaram: buscava a fama; o orgulho feminino lhe subira à cabeça; só o
receio dos soldados [que
alinhavam-se no seu caminho] os impedira de dirigir-se a ela com expressões mais
apropriadas a uma rameira.
Tais considerações [ou sinais de
inveja] não deixaram de ter sua razão. Talvez [dizem] porque os críticos [com
os olhos grudados aos seios] esqueceram de vislumbrar-lhe o rosto: esfuziada
pela vitória da verdadeira fé – Alionor pensava não em si, mas na cidade [a
cidade que agora iria civilizar] e para ela [a cidade] entregava-se inteira,
sem reservas, sem medo de sacrifícios, e [quase] sem roupas, em êxtase que poucos
vieram a perceber.
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