A coletânea Sete Ensaios sobre a Catwoman nunca foi
escrita. [Sete, tantos quanto as vidas dos felinos]. Compreensível, em se
tratando de um país com gente em excesso, tecnologia em falta, cultura ralamente
divulgada e [para dizer a verdade] pouco existente. Tal pecado [a falta de
estudos sobre a mulher de negro, para a qual
parece sempre uma noite de nuvens pesadas] não invade [no
entanto] somente essa triste pátria tropical.
A Mulher-gato atormenta seu antagonista [e de certa forma
cúmplice] Homem-morcego, o Batman. Independe [porém] do desajeitado herói e de
seu [quase] onipresente pupilo Robin. Vênus
de collant justíssimo por uma pouco provável Gotham City do futuro, a jovem mulher ronroneia em torno do
seu inimigo – talvez menos como esforço de sedução e mais como a preguiça coleante de todo parente do Tigre.
Os olhares [por pouco tempo é verdade] se voltam em
curiosidade nada menos que cômica para o seu parceiro de perseguições e pancadas
Batman – divertindo-se a vê-lo flutuar entre o desejo e repulsa à jovem
quase-felina [esta com uma surpresa
(meio adolescente e totalmente ingênua)
de ver o quanto consegue seduzir] sendo questão aberta se o deseja ou não.
A frase Se fui
virgem algum dia não me lembro não deixou de lhe ser atribuída [talvez não
com inteira justiça]. Sua fonte [no entanto] é clara: a excessiva feminilidade
da jovem, suas sobrancelhas docemente eriçadas e as curvas que cada passo
parece acentuar – ou sua felinidade, o que acaba por resultar no mesmo.
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