Não há um só detetive aqui, mas, se houvesse, seria eu. Eu,
Angus [entre os muitos nomes que tive, eu o escolhi]. [Alexandria, ano 414, o porto do trigo de um Romano
Império Decadente].
[Três bairros a fatiar a urbe – o pagão, o judeu, o cristão
– pedaços de tabernas, proxenetas, matadores de aluguel, mulheres de má vida e
eu – o último ou único bastião de uma honra na qual de resto ninguém acredita –
eu tampouco]. Cidade amarela [óbvio resultado
do sol lancinante – que mistura
as horas que parecem passar mui rápido].
Procuro pessoas e coisas [eu]. A pedido de pais, mães
aflitas, maridos corneados, donas de colares de madrepérola, agenciadores de
partidas de trigo. Geralmente encontro [nos braços de outro, de outros, nos
armazéns e arcas de gente por demais importante para ser tocada]. Minha vida
[dizem] poderia ser um romance. Sem graça
[digo eu] para o protagonista.
Ingênuo como antes
do nascer, não creio na virtude – mas a faço, até por falta de outro hábito.
Compararam-me [pela teimosia] a Zeus e [pela paciência em levar pancadas] a Maria. Não sou nem um nem. O vício de Criticar o Mundo se
metamorfoseia [mui rápido] em Indignação,
depois Ira.
Percorro um mundo que não interessa e não que dele não
falo parte. Levo pancadas, ganho algumas moedas [não muitas] e levo um ou outro
rufião ás galés. Quanto ao resto, o vento leva.
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