Dizem que Caspar David Friedrich [em passeios na mata em
volta de Dresden] decidiu que queria se negar. [Os homens querem afirmar sua
marca no mundo – ele desejava o oposto – o que o fazia especial]. Considerou
[como é óbvio] a pistola ou o formicida. Decidiu-se por estrada melhor.
Aprendeu [não sem dificuldade] a misturar tintas e
engendrar perspectivas.
E [para se negar] passeava [pelos mesmos arredores de sua
cidade natal] e pintava paisagens. Nada
de novo, desde Watteau e Praxíteles. Mas nas suas o homem [se existe] esmaga-se
sob uma natureza que não se importa com ele. Tempestades e penhascos diminuem
a figura humana sob uma indiferença azulada,
em um clima de eterno fim de manhã de
uma época que nunca se define – talvez depois
do tempo.
O não-se-importar do mundo retratado se comunica ao pintor
[e ao espectador]. Este se vê sem emoções diante das minúsculas formigas
humanas, como um Buda sem meditação, ou
criança que renunciou aos sonhos de
adulto, especialmente o de busca
da fama.
As montanhas e cemitérios de Caspar [diz certo misto de crítico
e detrator] revelam uma inveja do homem
pelo poder inexorável da natureza. O pintor responderia [segundo admiradores]
que não se trata de inveja ou admiração mas terror.
Esta [no entanto e é claro] se trata de versão apologética.
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