Os deuses [dizem] não choram [embora certa divindade do
Oriente Médio tenha vertido improváveis lágrimas de sangue]. Certo deus [no entanto] não
chorava. Dele [de maneira pouco verossímil] consta uma fotografia [previsivelmente com defeitos
químicos que pouco nela permitem distinguir]. De fato nada, exceto uma mancha
[cujos toques futuristas parecem coloca-la fora do tempo] , mas cuja imprecisão
lembra um ser sem forma, algum filhote antes
de nascer.
De fato ao Deus Chorão [assim ficou conhecido] [ou a sua
imagem] se atribui a propriedade de deixar alguns contempladores em mudo êxtase
por um curto período. [Versões
dizem que isso se deve a sugeridas nuvens de tempestade nas
bordas da imagem, mas tal hipótese conta com escassos entusiastas]. O mesmo
pouco sucesso persegue a ideia detratora de que certo sorriso [muito mais
adivinhado que percebido] trai um desejo
de que o outro sempre se dê mal. Já os apologistas pensam ver o mesmo
repuxar labial, e nele percebem uma generosidade
talvez exagerada sobre as mazelas do mundo.
Maria lacrimosa
mas sem filho perseguido pelos Romanos, a [pouco provável] divindade parece
representar o [muito humano] receio.
De tudo. Daí sua imagem borrada e suas caretas que talvez sequer existam.
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