Amhitar perde o bonde da história [de fato, quase todos os
países o perdem]. Terra imaginária da Ásia Central [ou de um realismo maior que
muitas nações] sua [pretensa] história é contada em sete, setecentos ou doze
mil ensaios de capa verde [os números sempre variam]. As [surpreendentemente]
poucas especulações sobre sua localização temporal consideram mais adequado
situá-la depois do tempo.
Sobre o caráter nacional, pouco a dizer – o sol lancinante [que causa
alucinações contumazes aos cidadãos, embora por pequenos períodos] leva o país a uma
espécie de velhice prematura dos povos [uma
frase não destituída de dramaticidade – digna de uma Antígona coletiva e sem charme, coisa
da qual Amhitar tem sido acusada].
Interpretações [não isentas de crítica] consideram a existência
concreta do país não como amontoado de terra, gente, proprietários e batalhas -
mas como personificação coletiva [considerando-se que tal exista] de uma inveja que os povos têm das realizações uns
dos outros; uma indignação por não
cumprir suas próprias potencialidades e um consequente desejo que outros também não
consigam fazer o que podem – uma vontade, se não nacional, muito humana.
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