Nunca tive mandato de deputado,
senador ou prefeito, nem nada do ramo. Como a grande maioria. E assim como ela,
sempre tive um espanto quase inveja daqueles que os têm. Os políticos são gente
comum – isso não deixa de espantar quem deles se aproxima. Não particularmente cultos,
nem belos, e a maior parte não sabe nem mesmo ser muito convincente no
discurso. O Vulgo do qual faço parte então medita no que eles têm que
justificaria sua posição de superioridade.
Resposta: a esperteza. Políticos são
espertos. Não são bobos. E tome um gordo anedotário sempre a apresentar o político
matreiro, a dar nós em pingos d´água.
Vemos agora políticos importantíssimos
a se liquefazerem de tanto medo só com a possibilidade de se defrontar com um
juiz de primeiro grau. Ou agarrarem-se desesperadamente a cargos, apenas porque
estes cargos lhe dariam a prerrogativa de retardar seus julgamentos.
Quantos de nós já formos chamados a
audiências de juízes – experiência nada agradável, mas nós a enfrentamos sozinhos
como adultos. Esses homens e mulheres poderosos [no entanto] procuram a proteção
de aliados – como crianças que temem enfrentar o escuro sem os pais.
Talvez a esperteza, e o sangue frio do
político matreiro, fossem advindos de que eles sabiam que o jogo já estava
viesado em favor deles. É fácil ser confiante quando se sabe que está tudo articulado
para ganhar.
E o poder dos políticos venha mais do
acaso do que de alguma suposta qualidade – mesmo a chamada esperteza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário