O Mundo era cinza e florido ao mesmo. Cinza:
havia os Militares; os Três Coronéis [que no Ceará determinavam vidas,
destinos, mapas astrais e mais que isso, com seus bilhetinhos diziam quem ia e
quem não ia ter emprego no Estado – Concurso Público? Que ser isso, pálida?]; Juízes
com total independência para decidirem sobre brigas de gatos entre vizinhos;
Disse me disse sobre sumiços de gente inconveniente; Subserviência em relação a
gringos, for sure.
Florido: Anistia, Liberdade, Músicas
quase ininteligíveis de códigos contestatórios, Diretas já – o Povo quer votar,
Constituição, Partido de Oposição, esses babados – que nos levariam a algo. A
ser o que éramos e por enquanto o cinza tingia de sua óbvia cor.
Trinta nos depois de volta estamos. Ao
que éramos não – nunca há voltas. O Cinza se foi – ou não. Pelo menos o que
conhecíamos. Falam em Diretas Já – as
mesmas que vi na Rua Senador Vergueiro no Rio. Só que era 1984.
Onde tudo deu errado? Onde nosso bonde
descarrilhou [embora não existam mais bondes pois o transporte privado tem
prioridade]? Quando alguém errou o endereço do Doce País que encomendamos [ou
alguém levou algum para esquecer de enviá-lo?]
O Mundo era melhor – e não se trata de
saudades senis. Era melhor pois mais simples – havia o Mal e o Bem. E o Bem venceu.
Sabemos hoje que o Bem tem muitas nuances
– e algumas delas dão muito trabalho para a Polícia e uma meia dúzia de Procuradores.
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