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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Dentro de um Fusca

Amemos [Tássia] dentro de um Fusca. Malucos [tais] ou talvez não tanto – num fusca cabe muito, talvez até tanto amor. Antigos, anos-setenta [ou mesmo universais] afinal o Fusca não tem era.

Não tem era, mas cabe muito mais [sem duplo sentido, ou talvez com ele] em tempos clássicos. Aqueles [tristes tempos] de medalhados a dirigir tudo por atos institucionais - e também alegres [aqueles em que íamos a praias desertas] e as praias desertas quedavam a vinte minutos em marcha lenta – marcha lenta de Fusca.

Tinha um pequeno depósito lá atrás do segundo banco [lembra?] Pequeno demais para qualquer mala, mas grande demais para tua lingerie e meu jeans [aquele US Top unissex que só para provar que era unissex mesmo nós o trocaríamos de quando em vez]. Grande, mas nós o utilizaríamos para o jeans e o demais.


E as alças [querida Tássia], aquelas alças laterais de alguma borracha patenteada lá pelos anos 20. [Convite plástico para a indecência, mais que qualquer proibido clássico da literatura ou da tela]. Formato exato para enganchar teus pés, e distância milimetricamente concebida entre um e outro para contestar a veracidade do aforismo que afirma ser estreito o bom caminho. Não o era – e eu [convidado de honra] percorrê-lo-ia múltiplas vezes [facilitado pelos bancos e alças] na rua, na duna e na rua calçamentada de pedra, aquelas tranquilas ruazinhas do passado, nas quais, mais que o passado e o Fusca, interessantes éramos nós.

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