Teseu, serei sua Ariadne. E
me perderei no Labirinto. Não perderei – entrarei nele, disposta e temerosa
como todo Herói. Olharei para você, a porta a se distanciar e o sol da Creta ao
fundo. Afastar-me-ei de você [Teseu] mas manterei o fio – o Fio seu e nosso.
E o mundo [meu
carinhosíssimo Teseu] é escuro sometimes e às vezes ofusca com tanta
claridade – e é neste mundo que penetrarei [destemida, feliz e lacrimosa
Ariadne] a querer me afastar e a senti-lo cada vez mais perto [o fio de seda a
desenrolar de minhas mãos].
O labirinto [meu
pacientíssimo Teseu, e o vejo a esperar na porta] rescinde de tanta monotonia.
Cada novo corredor parece com o velho, cada esquina semelha com as três últimas
que acabei de cruzar. Sou monótona também, e só não sou porque não o somos.
Desfio [já que estamos a falar de fios] cada um dos momentos a dois – cada
cálice de vinho da Capadócia, cada pôr do sol por cima da Ágora nós dois a
mirar ao longe as ondas do Mar Egeu.
E o labirinto [como todo
Labirinto] terá um monstro. Monstro que cujo grande [e talvez único] poder é
aquele de meter medo. Vencerei este monstro [Teseu] seu fio firme em minha mão,
eu quase a sentir você puxar ao longe, para me mostrar que está sempre lá.
E amaremos [meu amantíssimo
Teseu] na Porta, na praia e na montanha, sem túnicas, sandálias nem filosofia,
como Bichos, Heróis ou Gente que sempre fomos.
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