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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Serei sua Ariadne

Teseu, serei sua Ariadne. E me perderei no Labirinto. Não perderei – entrarei nele, disposta e temerosa como todo Herói. Olharei para você, a porta a se distanciar e o sol da Creta ao fundo. Afastar-me-ei de você [Teseu] mas manterei o fio – o Fio seu e nosso.

E o mundo [meu carinhosíssimo Teseu] é escuro sometimes e às vezes ofusca com tanta claridade – e é neste mundo que penetrarei [destemida, feliz e lacrimosa Ariadne] a querer me afastar e a senti-lo cada vez mais perto [o fio de seda a desenrolar de minhas mãos].

O labirinto [meu pacientíssimo Teseu, e o vejo a esperar na porta] rescinde de tanta monotonia. Cada novo corredor parece com o velho, cada esquina semelha com as três últimas que acabei de cruzar. Sou monótona também, e só não sou porque não o somos. Desfio [já que estamos a falar de fios] cada um dos momentos a dois – cada cálice de vinho da Capadócia, cada pôr do sol por cima da Ágora nós dois a mirar ao longe as ondas do Mar Egeu.

E o labirinto [como todo Labirinto] terá um monstro. Monstro que cujo grande [e talvez único] poder é aquele de meter medo. Vencerei este monstro [Teseu] seu fio firme em minha mão, eu quase a sentir você puxar ao longe, para me mostrar que está sempre lá.

E amaremos [meu amantíssimo Teseu] na Porta, na praia e na montanha, sem túnicas, sandálias nem filosofia, como Bichos, Heróis ou Gente que sempre fomos.

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