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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Ishtar nina o Herói

Dos quinhentos e nove e nove braços de Ishtar, ela precisou apenas de dois. A deusa do Amor e da Antiga Suméria abraçava o Mundo Inteiro [e os baixios do Tigre e do Eufrates, o que na época significava a mesma coisa] apenas com seu direito e seu esquerdo, as mãos a se encontrar em fecho a semelhar bronze e lápis-lazúli. Como as muralhas de Ur, seu abraço protegia a todos e acariciava o horizonte.

Dos mil e noventa e nove seios de Ishtar, ela precisou apenas de dois, na verdade um – o único que entremostrou no decote de seda a Gilgamesh. [Gilgamesh, herói, sangue de nove mil búfalos e mais inimigos da Suméria abatidos]. O Guerreiro embainhou a espada, guardou o escudo, e [súbito menino] aninhou-se ao seio da deusa [bem próximo do bico cor de rosa da deusa] e esta lhe contou do panteão celestial dos deuses [deuses generosos embora às vezes um tanto bobinhos] e de como eles [de maneira bem pouco condizente para com seu status celestial] sentiam inveja dos humanos.
Dos Cinco mil e cinquenta passos que Ishtar deu ao lado de Gilgamesh, contaram apenas os últimos, nos quais ela estendeu a mão e ele, que caminhava tímido à distância [afinal era uma deusa] atreveu-se a ficar ao lado dela.


Dos muitos gritos que Ishtar e Gilgamesh encenaram em coro [afinal ninguém se preocupou em contá-los] importaram todos eles [o rosto do herói enterrado nos cabelos negros da deusa]. E depois de tudo [muito depois] ela o enlaçou e contou histórias como as que se contam para colocar meninos para dormir.

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