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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Procurei-o

Por duzentas e trinta e nove noites procurei Antônio Marlos [claro que não sabia que ele assim se chamava – inventei um nome qualquer]. Por 239 noites e também milhas [já que falamos (ao menos inicialmente) de coisas marítimas].
Procurei-o [digo eu] em cruzeiro de navio [desses navios de muitos andares e monstros de poluição que praguejam as Antilhas] e [talvez não por] por coincidência estávamos nas Antilhas. Eu como filhinha-de-rico-papai [e para completar o estereótipo situacional, em viagem de congratulações pela formatura]. E ele [que não se chamava Antônio Marlos] como garçom latino de bordo em restaurante cheio de garçons latinos de bordo, deu-me [na boca, por cima do bar] uma pastilha menta, e quanto ao resto [em quartinho atrás do bar] não lembro, exceto da tatuagem no seu bíceps. Depois olhando o mar quedei aliviada pelo fim desse fardo chamado pureza.
Fardo este que não levei enquanto o procurava por bibliotecas, cafés e festinhas depois-da-meia-noite [e ele, by the way, nunca se chamava com o nome que escolhi]. Encontrei-o ou pensei isso [geralmente na horizontal e com lençóis amarelinhos, mas sem cigarro, que hoje é consabido que fazem muito mal].
Não o encontrei [na verdade eu o construía em cada uma das buscas anteriores] em uma sala de espera de dentista ou ponto de ônibus [na verdade não lembro]. A cama onde o fizemos tinha lençóis púrpura de gosto para lá de duvidoso e ele [não sei se por coincidência] realmente se chamava Antônio Marlos.

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