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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Na Ilha

Encontrar-nos-íamos em ilha {Antônio Marlos], aquela quintessencial com que todos sonham – ondas em ritmo, palmeiras, água das fontes e abacaxis dulcíssimos só a estender a mão.

Você viria de algum naufrágio – assustado, surpreso por estar vivo, um bote cheio de provisões e o receio de nunca retornar.

E você veria a marca de meu pé na areia. E seu isolamento multiplicaria os perigos – uma canibal? Traficante? Última sobrevivente de alguma colônia de cientistas malucos que queriam detonar o planeta?

Eu deixaria seus receios proliferarem durante alguns dias e surgiria na sua frente – minha tanga de corda minúscula e meu cabelo em trança lhe fariam pedaços de gelo lhe percorrer o corpo por dentro de alto a baixo.

Eu lhe tranquilizaria [afinal você precisaria funcionar] com gestos e com uma cuia com macaxeira cozida com mousse de chocolate por cima [sou uma primitiva moderna].

Depois eu ficaria a lança no chão – você saberia quem manda, quem é a dona da ilha e quem é o intruso na terra de quem. E mandaria você replicar a posição da lança pois afinal donas e rainhas têm trono, e você seria o meu].

E eu olharia o céu [você também mas em outra posição – que logo seria trocada por uma segunda, e por uma terceira que seria uma mistura no liquidificador das duas primeiras junto com uma quarta e uma quinta].

E ao pôr-do-sol [aquele tão ansiado pôr-do-sol tropical] eu lhe traria um naco de manga e uma saladinha de peixe – afinal todos conhecem os benefícios de uma alimentação variada.

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