Encontrar-nos-íamos em ilha
{Antônio Marlos], aquela quintessencial com que todos sonham – ondas em ritmo,
palmeiras, água das fontes e abacaxis dulcíssimos só a estender a mão.
Você viria de algum
naufrágio – assustado, surpreso por estar vivo, um bote cheio de provisões e o
receio de nunca retornar.
E você veria a marca de meu
pé na areia. E seu isolamento multiplicaria os perigos – uma canibal?
Traficante? Última sobrevivente de alguma colônia de cientistas malucos que
queriam detonar o planeta?
Eu deixaria seus receios
proliferarem durante alguns dias e surgiria na sua frente – minha tanga de
corda minúscula e meu cabelo em trança lhe fariam pedaços de gelo lhe percorrer
o corpo por dentro de alto a baixo.
Eu lhe tranquilizaria
[afinal você precisaria funcionar] com gestos e com uma cuia com macaxeira
cozida com mousse de chocolate por cima [sou uma primitiva moderna].
Depois eu ficaria a lança no
chão – você saberia quem manda, quem é a dona da ilha e quem é o intruso na
terra de quem. E mandaria você replicar a posição da lança pois afinal donas e
rainhas têm trono, e você seria o meu].
E eu olharia o céu [você
também mas em outra posição – que logo seria trocada por uma segunda, e por uma
terceira que seria uma mistura no liquidificador das duas primeiras junto com
uma quarta e uma quinta].
E ao pôr-do-sol [aquele tão
ansiado pôr-do-sol tropical] eu lhe traria um naco de manga e uma saladinha de
peixe – afinal todos conhecem os benefícios de uma alimentação variada.
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