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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

O Anúncio

Um anúncio a 27 de junho de 1932 quase no meio da terceira coluna da segunda folha do caderno de classificados do The New York Times e ninguém soube como os editores o deixaram passar [talvez algum trocado de suborno]. Dizia:

Cavalheiro jovem saudável e nada feio procura jovem com as mesmas qualidades por uma semana. Objetivo: cópula.
Seguiam-se alguns detalhes: só realizar, não falar. Por uma semana. Em uma casa de praia, com detalhes como alimentação e ocasional limpeza já acertados com serviçais da vizinhança. Vieram candidatas, a maior parte as previsíveis profissionais.

Até que veio uma que não o era. Falou com os secretários do proponente.

Encontraram-se afinal. O acordo era não falar e não falaram. Ele fechou a porta atrás dela. Nomes, nem começar a pensar no assunto. Olharam-se. Sem combinar arremessaram as roupas de lado. Continuaram a se olhar, exame completo dos dedões à nuca.

Ele cavalheiro fez um sinal para ela ir ao leito. Ladies first.

E por cento e sessenta e oito horas trocaram de posição, inventaram outras e retornaram ao tradicionalismo apenas para repetir com desenvolvimentos outros – com intervalos apenas para algumas dormidas e algum vinho e caviares.

Depois cada um seguiu seu caminho e esse final frustrante gerou especulações – como não houve o final trágico talvez desejado pelos moralistas, imaginou-se desde uma gravidez a um pacto diabólico.

Ninguém imaginou que valeu só porque valeu.

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