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segunda-feira, 5 de março de 2018

Light Torturadora

Não quero [Luciana Maria] ser teu escravo – ou talvez o queria, e esta frase eu a pensei apenas por efeito – isso foi o que me veio [doce e talvez nem tanto Luciana Maria] diante da caixa de papelão.

Botas de couro preto rebrilhante com salto agulha, máscaras como a da Mulher-Gato e um corpete apertadíssimo com meião rede de pescador – tua mão fazia saltar de dentro da caixa esses e muitos outros objetos e mais que isso, uma nova Luciana Maria. Talvez não exatamente uma nova, mas uma que sonhei [e temia que] existisse.

Quero [Luciana Maria] ser teu escravo – ou talvez não o queria, e esta frase nem sei por que a teria pensado enquanto tu passavas a ponta do dedo na ponta da língua entre os lábios de batom gloss vermelhíssimo, antes de me mostrares o metal das algemas – e se o amor vier junto com o medo [Luciana Maria] creio ser exatamente o que senti, embora nada disso haja nos conselhos da Revista Contigo.

Torturadora light, tu deixaste a porta aberta [escancaradamente aberta] para que eu pudesse ir embora. Só que eu não queria – e tu sabias que isso te tornava multiplicadamente dona.



Quero e não quero, Luciana Maria e essa frase eu a pensei não quando o plástico preto recobria [na verdade muito pouco] do teu corpo mas quando te encontrei seis meses antes naquele ponto de ônibus na saída da faculdade, as sardas e a blusa cor de rosa. E essas duas Luciana Maria posto que irreconciliáveis se misturam numa única, de uma forma que eu [livre e cativo] me esforço por entender.

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