Uma notícia
desta Copa informa que os rapazes gaúchos se revoltam porque as moças preferem
estrangeiros. Não preferem: mordem, deglutem, regurgitam.
Gente, por favor:
VOCÊS AINDA ACREDITAVAM QUE O
COLONIALISMO FOSSE CASTO??
Lênin, pessoal, estava certo. [Lênin
estava errado]. O Imperialismo [e sua variante colonial] é uma forma de colocar
excedentes, acumular, etc. etc. Corretíssimo. Mas também é uma estrutura
mental, uma forma de se ver como pessoa e como nação. [O velho Vladimir errava
ao não enfatizar isso].
O professor David Spurr publicou o ensaio The Rethoric of Empire (Duke University
Press, 1993). Nele não analisa a relação colonial – mas o discurso da
relação colonial – como ela é entendida [e justificada, ou suportada] por
colonizadores e colonizados.
Contradição até o osso, o colonialismo
parte de [e permanece em] uma antítese entre uma identidade e uma ruptura: o
colonizado é igual ao colonizador [por isso podem se relacionar]; o colonizado
é menos que o colonizador [por isso precisa dele].
Dez estratégias retóricas
identifica o autor para resolver este choque. Interessa-nos a última, a Erotização, significativamente subtitulada
Os Haréns do Oriente (cap. 11). O
território colonizado é visto como disponível virgindade para o bravo
explorador: matas, montanhas e moças.
Mas elas querem – precisamente. A retórica colonial não pertence ao
colonizador; ela beneficia a ele, mas pertence também ao colonizado. Pertence a
todos e todas nós, caros moços brasileiros e gaúchos.
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