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O videoclipe
Je t´aime moi non plus causou [obviamente]
escândalo quando poucas TVs ousaram reproduzi-lo no começo dos anos 70. O advérbio é [na verdade]
indevido: não havia [ou parecia haver] nada de indecente
naqueles quatro minutos em que Jane Birkin {os olhos azuis e os cabelos
alourados hipervalorizados pelo câmera] suspirava e gatolejava pelo compositor Serge Gainsbourg [o indefectível cigarro e a
cara de cafajeste assustado de sempre - sendo discutível se existe tal cara].
Em uma Paris
esmaecida de uma [presumível] tarde de nuvens fracas, a garota [com um sobretudo negro que se
lhe oculta as formas do corpo parece lhe colar inteiro na alma – uma péssima
imagem que ocorreu a mais de um crítico] passeia por uma Paris de turistas e
romance – a esplanada do Trocadero, de onde se tem a visão clássica de fotos de
turistas da Torre Eiffel; a própria Torre, na época ainda com grama por baixo;
a ponte sobre o Sena [com certa reminiscência de uma romântica Edith Piaf] em
que os passantes espiam o casal [mais o casal que a câmera].
O
vídeo [o que perturbou os agentes da censura da época] não possui cenas que se
possa apontar e dizer É por isso que deve
ser proibido! [Exceto dois segundos em que o casal se abraça em uma curiosa
piscina de travesseiros, que no entanto não pareceram suficientes para endossar
uma interdição]. Sua falta
de medida vem [na verdade] de uma aparente ausência – a sensualidade avança tão
forte que nem precisa ser explicitada [o que a torna forte ainda mais].
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